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sábado, 5 de dezembro de 2015

Universidades nos EUA reveem seus vínculos com a escravidão

Universidades nos Estados Unidos da América reveem seus vínculos com a escravidão

"A Universidade de Georgetown mudou o nome dos edifícios dedicados a reitores que venderam escravos para saldar as dívidas do campus no século XIX. Os edifícios Mulledy Hall e McSherry Hall serão chamados de Freedom e Remembrance (liberdade e lembrança) até que se encontre um nome definitivo. Na de Yale, os estudantes pediram que o mesmo seja feito com a escola Calhoun, dedicada a um político sulista racista e defensor da escravidão.
O movimento estudantil herdeiro dos protestos contra a violência policial que nasceu em Ferguson em 2014 aponta agora para a fachada de dezenas de edifícios nos campi que levam o nome de políticos vinculados à fase mais dolorosa da história norte-americana. Suas reivindicações seguem a mesma lógica que levou o Capitólio de Charleston, na Carolina do Sul, a retirar a bandeira confederada depois do assassinato de nove afro-americanos em uma igreja da cidade. [...]
Apoiados neste argumento, o movimento estudantil em Missouri, Yale e Princeton propõe uma forma de reparar os danos da escravidão. Entre sua lista de reivindicações, além de mudar fachadas, está incluído o cálculo de quanto ganharam ou economizaram as universidades graças à mão de obra escrava, ajustar o valor à inflação e investi-lo em bolsas de estudos".

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Pesos e medidas

A execução de adolescentes no Rio e o vídeo do Unicef que ninguém viu

"Durante 95 segundos, três mães – três mães negras – falam sobre seus filhos. Sorrindo. “Eu nunca vi uma pessoa igual a ele”, diz a mãe de Hítalo Gabriel, de 12 anos. “Todos os dias ele falava pra mim: ‘Você é a melhor mãe do mundo, te amo'”. A mãe de Cristian, de 13 anos, lembra que ele praticava vários esportes, era brincalhão, difícil vê-lo de cara feia. Queria estudar e ser bombeiro, como o tio. “Ele trabalhava, com 17 anos já tinha emprego registrado”, conta a mãe de Christian. “Era um menino cheio de sonhos. Era o primeiro em matemática. Era o primeiro na minha vida”.
Os depoimentos fazem parte de uma campanha que o Unicef – o Fundo das Nações Unidas para a Infância – lançou no dia 20, o Dia da Consciência Negra. Nos 40 segundos finais do vídeo, as mães baixam a cabeça. Fecham os olhos. Choram. Enquanto isso lemos que, todos os dias, 28 crianças e adolescentes morrem assassinados no Brasil. E que a maioria são meninos negros, pobres e moradores da periferia. A mãe de Christian completa: “Ele já tinha namorada. Já tinha emprego. E eu só tinha ele”.
Em dez dias, o vídeo teve apenas 1.000 visualizações no YouTube. E por que tão pouca gente viu? Porque a imprensa não divulgou".

Relacionado:
Relatório da Anistia Internacional "Você matou meu filho!": homícidios cometidos pela Polícia Militar na cidade do Rio de Janeiro.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Diferença e Diversidade da Educação - O Negro e a Sociedade Brasileira

Vídeo produzido pelos estudantes de Pedagogia da Universidade Aberta do Brasil (UAB) - Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), como trabalho final da disciplina Sociologia da Educação: você pode assisti-lo aqui.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

poemas de Nayyirah Waheed


(tradução: Fabiana Jardim)

nossa tragédia começa úmida.
numa sala de aula úmida.
com um livro didático úmido.
nos arrombando.

roubando-nos de nós mesmos.
um poema. de cada vez.

 começa com shakespeare.
a lavagem a quente.
o ácido frio. de
homens e mulheres brancos mortos.
pessoas.

cada um uma tempestade.

batendo. em nossas jovens
casas
tornando-nos ilhas. isolamentos
fáceis.
até que estejamos tão assediados e
feridos
por uma definição de poesia que
tem pele branca e
nós não.

que escondemos nossas escaldaduras. nossos
doloridos.
atrás de nós mesmos e
aprendemos
poesia.
como trauma. como violência. como
apagamento.
mais um lugar em que não existimos.
mais uma forma de exílio
em que deveríamos louvar. honrar
nossa própria inanição.

os pedacinhos de lagnston. phyllis
wheatley.
e
angelou durante o mês de história
negra. são as migalhas. são os
pequenos botes.
que nos oferecem parco descanso.

 ser afogado na
rejeição das nuances do
meu próprio ser
explosivo
extraordinário.
e que isso
seja
chamado
educação.

tirar fora o nome do meu
nome.
fora de onde minha poesia nativa
vive. em mim.
e
substituí-la por keats. browning.
dickson. wolf. joyce. wilde.
wolfe. plath. bronte.
hemingway. hughes. byron.
frost. cummings. kipling. poe.
austen. whitman. blake.
longfellow. wordsworth. duffy.
twain. emerson. yeats.
tennyson. auden. thoreau.
chaucer. thomas. raliegh.
marlowe. burns. shelley. carroll.
elliot…

 (qual a necessidade de uma criança
negra ser tão embriagada de
brancura)

e então. estamos aqui. bebês
negros. venerando. alimentando
o glutão que é a literatura

branca. mesmo depois de morta.

- lavagem a quente (de njema)

---

nossa amargura
pela
áfrica.
é
o coração
atrás
do coração.

a dor sem
nome.

- amnésia (de Salt.)

---


onde estão minhas pernas. onde estão minhas pernas. precisei dá-las aos meus filhos para que eles pudessem nadar de volta para mim. de volta para mim. esfreguei o sol todo em seus cabelos. a cada nascimento. esfreguei o sol em seus cabelos. para que eles se lembrassem com quem se parecem. com quem se parecem. com quem se parecem. comigo. perder o amor assim. ter que vê-los abertos daquela maneira. rasgados até as bocas. o tempo nunca vai saber da minha pele. furiosa com tudo e nada além deles. cantei dentro de seu sangue. cada um deles têm minhas vozes em seus ossos. eles virão para casa. sei que eles virão para casa. o céu inteiro precisou me segurar quando o mundo veio comer minhas crianças. aquele medo. aquela dor. aquele medo. aquela dor. aquele medo. aquela dor. aquele medo. aquela dor. aquele medo. aquela dor. aquele medo. aquela dor. aquele medo. aquela dor. aquele medo. aquela dor. aquele medo. aquela dor. aquele medo. aquela dor. aquele medo. aquela dor. aquele medo. aquela dor. aquele medo. aquela dor. aquele medo. aquela dor. aquele medo. aquela dor. acordem meus amores. dentro de mim. virei até vocês todas as noites. a cada noite. porque você não entende seu nariz. ou seus pés. ou o barco em seus olhos. você não se lembra de mim. e você sofre. você sofre. você sofre. você sofre. você sofre. você sofre. você sofre. você sofre. arrebatado pelo banzo. arrebatado pelo banzo. você sofre. você se odeia. você me odeia. isto é a morte para uma mãe. quantas mortes. sou sua mãe. sou sua mãe. sou sua mãe. sou sua mãe. sou sua mãe. sou sua mãe. sou sua mãe. sou sua mãe. sou sua mãe. lembre-se de mim. lembre-se de mim. lembre-se de mim. minhas mãos no seu coração. não vou abandoná-lo. vou encontra-lo. mundos distantes de mim. sou sua beleza. sou você. não importa quanta cândida você tenha que beber. virei todas as noites e repararei. reamarei. desfarei tudo o que não sou eu. eu memorizei você. andarei sobre todas as águas para busca-lo. trazê-lo de volta. trazê-lo de volta para mim. eles não sabem. eles não sabem. eles não sabem. eles não sabem. eles não sabem. eles não sabem. eles não sabem. eles não sabem. eles não sabem. eles não sabem. eles não sabem. eles não sabem. eles não sabem. eles não sabem. eles não sabem. eles não sabem que coloquei sal na pele de cada um. eles não sabem que o sal não preserva somente as frutas. mas as crianças. você se lembrará. você se lembrará. você se lembrará. você se lembrará. você se lembrará. você se lembrará. você se lembrará. você se lembrará. você se lembrará. você verá. meu amor. você verá como seu corpo devagar está começando a brilhar com as estrelas. você está se lembrando. você é meu. você nunca foi outra coisa.

- lamento da áfrica (de Salt.)

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existem
algumas feridas que
apenas
a áfrica
pode
curar.

- em nós (de Salt.)
 
---
 
sou uma onda negra
em
um mar branco.

sempre vista
e
desvista.

- a diferença (de Salt.)
 

sexta-feira, 11 de setembro de 2015