A execução de adolescentes no Rio e o vídeo do Unicef que ninguém viu
"Durante 95 segundos, três mães – três mães negras – falam sobre seus
filhos. Sorrindo. “Eu nunca vi uma pessoa igual a ele”, diz a mãe de
Hítalo Gabriel, de 12 anos. “Todos os dias ele falava pra mim: ‘Você é a
melhor mãe do mundo, te amo'”. A mãe de Cristian, de 13 anos, lembra
que ele praticava vários esportes, era brincalhão, difícil vê-lo de cara
feia. Queria estudar e ser bombeiro, como o tio. “Ele trabalhava, com
17 anos já tinha emprego registrado”, conta a mãe de Christian. “Era um
menino cheio de sonhos. Era o primeiro em matemática. Era o primeiro na
minha vida”.
Os depoimentos fazem parte de uma campanha que o Unicef – o Fundo das
Nações Unidas para a Infância – lançou no dia 20, o Dia da Consciência
Negra. Nos 40 segundos finais do vídeo, as mães baixam a cabeça. Fecham
os olhos. Choram. Enquanto isso lemos que, todos os dias,
28 crianças e adolescentes morrem assassinados no Brasil. E que a
maioria são meninos negros, pobres e moradores da periferia. A mãe de
Christian completa: “Ele já tinha namorada. Já tinha emprego. E eu só
tinha ele”.
Em dez dias, o vídeo teve apenas 1.000 visualizações no YouTube. E por que tão pouca gente viu? Porque a imprensa não divulgou".
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