quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Instituição escolar e racismo

Nos primeiros dias de dezembro, durante o último Conselho de Classes dos professores numa escola estadual, houve discussão sobre aprovação ou retenção de alunos do nono ano. Em dado momento, o histórico de um aluno é exposto e a Coordenação questiona se seria retido ou não. O aluno apresentava quatro disciplinas com conceito abaixo de 5 (cinco). As alegações para sua reprovação circularam por aspectos morais, tais como "bandido", "drogado", "preguiçoso" e "mal educado". Com aclamação da maioria dos presentes decide-se por reprová-lo, mas para isso acharam melhor alterar o histórico do aluno para evitar um pedido de recurso na secretaria. Alteraram as faltas e as notas do aluno, de modo a maquiar seu desempenho para algo "pior" do que havia ali. Seguiu a reunião do Conselho. Próximo ao final da lista de alunos da mesma sala deparou-se com o histórico de uma aluna com conceito "vermelho" em quatro disciplinas e com excesso de faltas. Novamente questionado pela Coordenação, o corpo de professores alega que ela é "comportada", "bonita", "capaz de acompanhar um Ensino Médio". Um dos professores lembra a todos que a aluna não frequentou a escola no último bimestre, pois cabulava aula para sair com colegas pelo bairro. Ainda assim alteraram as notas e as faltas da aluna para que fosse aprovada. O primeiro aluno era negro morador de uma comunidade carente. A segunda, branca moradora de um bairro mais central.

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