Nos primeiros dias de dezembro, durante o último Conselho de Classes dos professores numa
escola estadual, houve discussão sobre aprovação ou retenção de alunos do
nono ano. Em dado momento, o histórico de um aluno é exposto e a Coordenação questiona se seria retido ou não. O aluno apresentava
quatro disciplinas com conceito abaixo de 5 (cinco). As alegações para
sua reprovação circularam por aspectos morais, tais como "bandido",
"drogado", "preguiçoso" e "mal educado". Com aclamação da maioria dos
presentes decide-se por reprová-lo, mas para isso acharam melhor alterar
o histórico do aluno para evitar um pedido de recurso na secretaria.
Alteraram as faltas e as notas do aluno, de modo a maquiar seu
desempenho para algo "pior" do que havia ali. Seguiu a reunião do Conselho. Próximo ao final da lista de alunos da mesma sala deparou-se com o
histórico de uma aluna com conceito "vermelho" em quatro disciplinas e
com excesso de faltas. Novamente questionado pela Coordenação, o corpo de professores alega que ela é "comportada", "bonita", "capaz de
acompanhar um Ensino Médio". Um dos professores lembra a todos que a
aluna não frequentou a escola no último bimestre, pois cabulava aula
para sair com colegas pelo bairro. Ainda assim alteraram as notas e as
faltas da aluna para que fosse aprovada. O primeiro aluno era negro
morador de uma comunidade carente. A segunda, branca moradora de um bairro mais central.
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