quinta-feira, 12 de novembro de 2015

diário de campo


Quando foi indicado na disciplina para relatarmos situações que vivenciássemos ou observássemos no nosso cotidiano sobre o preconceito, a minha primeira percepção é que apesar de saber que isso é rotineiro, eu não reparo tanto nas coisas que acontecem ao meu redor; logo registrar isso me pareceu uma imensa dificuldade.
Primeiro pensei em coisas que já tinha vivenciado, inclusive antes da disciplina. Me vieram à mente duas situações em escolas, uma particular de classe alta e outra uma escola pública que atendia crianças de classe baixa; as duas foram em momentos de estágio de observação. A primeira foi na Educação infantil: a professora lia uma história do Sitio do Picapau Amarelo e, no momento em que apareceu  escrito “preto” se referindo ao tio Barnabé, a professora perguntou para as crianças se elas sabiam o que era preto? Antes que as crianças se manifestassem a professora disse que preta era a cor da pele do Barnabé que era igual a da pele das babás deles (!), em seguida prosseguiu contando a história.
A segunda situação foi referente a um projeto de uma escola pública com o 5º ano do Ensino Fundamental I, o projeto se chamava identidade, e uma das principais formas de registro era o próprio desenho das crianças - inclusive cartazes que eram espalhados pela escola. O que chamava a atenção é que em uma escola em que a maioria das crianças eram pardas e negras, nenhuma se pintava dessas cores, só era usado o rosa claro - chamado por muitas pessoas ainda hoje como “cor de pele”. Isso pode fazer pensar em uma problematização muito maior, mas um ponto positivo é que as crianças já se viam com cabelos crespos e cacheados, por exemplo.
Falando em cabelo, recentemente estava com uma amiga e um conhecido dela  passou e disse “agora você vai deixar o cabelo duro igual sua mãe?”. Ela está deixando o cabelo natural agora e ouviu frases do tipo várias vezes.
Uma das situações que são comuns, inclusive na internet, é a frase “não sou suas negas”, usada normalmente por muitas pessoas em diversos lugares.
Podemos ver que o preconceito é muito presente, mas o pior é que é tão naturalizado e repetido que até pessoas que são contra e pensam a respeito, podem se ver reproduzindo algum tipo de preconceito: precisamos mudar e principalmente nos vigiar sempre.

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