sábado, 24 de outubro de 2015

excertos de diários de campo

- Há alguns dia atrás estava indo ao trabalho no ônibus que sempre pego e comecei a observar algumas coisas. Nesse horário da manhã o movimento de pessoas idosas é grande, e nesse dia não foi diferente. Em um dos pontos entrou uma senhora branca e as pessoas que estavam sentadas no banco preferencial logo se levantaram e pediram para senhora se sentar. Alguns pontos adiante uma idosa negra adentrou o ônibus e, mesmo tendo gente jovem nos bancos, ninguém se dispôs a levantar. Eu que estava do outro lado da catraca fiquei indignada e perguntei de longe se não teria lugar para ela se sentar. Enfim, acabou que ela não quis sentar, até porque ninguém ofereceu a ela um lugar.
Lembra muito o que Frantz Fanon fala nos seus textos: existe um imaginário tão forte na sociedade brasileira de que negro é forte, que aguentamos tudo que esse tipo de situação que passa desapercebida só fortalece essa questão.

- Professora negra faz visita ao Museu Afro com colegas de trabalho e alunos.A visitação tinha sido tranquila e sem muitas questões tanto da parte dos alunos como dos professores em relação às obras ou explicações do guia. Porém, ao voltar para escola e liberarem as crianças, a professora negra ouve comentários de outros professores em relação a visita ao museu: "Até parece que índio ia querer trabalhar, é preguiçoso", "Negros também são todos desse tipo", "Nem sei por quê fomos, museu não tinha nada de cultura que valesse a pena".

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