* J., estudante de Pedagogia na USP, foi para um curso de diferenças de gênero na câmara dos vereadores.
Lá, resolveu ir até o caixa eletrônico para ver se havia caído o valor
da bolsa, da qual ele é beneficiário. Daí, uma senhora ficou olhando para
ele... Ela também iria usar o caixa, mas não o usou... Foi até um policial
militar e disse que meu amigo era suspeito... Nisso, meu amigo já havia
percebido tudo. Então ele resolveu ir ao banheiro. O policial o seguiu e
pediu para ele mostrar o RG, e perguntou o que ele estava fazendo ali, e
ainda, o que ele queria junto ao caixa eletrônico. Ele se sentiu muito
ofendido, claro!. Me disse: " é como se eu não tivesse o direito de ir e
vir, só por ser negro, isso sempre acontece comigo!
* Conversa entre mãe e filha:
A filha comenta que ouviu na
sala de aula sobre a memória mais marcante de um dos atores principais
da Cidade de Deus, que era o som do trinco dos carros quando ele passava
pela calçada.
A mãe ri como se fosse uma piada comum; a filha
estranha a reação dizendo que é um acontecimento triste e questiona a
razão da risada. A mãe responde da seguinte forma:
-O que você esperava? Preto e feio, é de se esperar que seja assim.
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