quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Ao lado, tão longe

- "Nunca fui reconhecida pelo meu trabalho" (do Jornal do Campus, n.448, outubro de 2015)

[...] "Há dez anos na Engenharia Politécnica, Rute conta que não são só os alunos que desrespeitam os faxineiros. “Uma vez, um professor foi reclamar comigo se não tinha um outro horário para eu limpar o banheiro, porque ele queria usá-lo. Eu falei: ‘não tem outro horário. Tem esse. Se não quiser, vai ficar sujo’. A gente também tem hora de ir embora. Já ganhamos uma miséria, não ganhamos hora extra para isso e vamos ficar até a hora que eles querem?”. Ao menos, Rute comemora o fato de não ter recebido o “presente” que uma colega de trabalho recebeu. Há uns meses, uma menina da limpeza viu uma caixa de papelão em formato de presente que foi deixada em cima de uma mesa em uma sala de aula que estava para ser limpa. “Ela pensou que tinham deixado uma surpresa pra ela. Quando abriu, tinha merda dentro. Aqui, é uma humilhação total”, afirma.
Oziel ,também funcionário da Poli, trabalha na portaria da faculdade e conta: “Alguns alunos tratam você como pessoa de segundo escalão. De dez pessoas, apenas uma dá um ‘bom dia’. Quem me cumprimenta geralmente são aqueles que vêm de uma classe social mais baixa, ou que vêm do interior. A relação da maioria deles é a seguinte: ‘Eu sou superior e você que se dane’. Quem trabalha é praticamente uma pessoa invisível”".

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