terça-feira, 29 de setembro de 2015

ECA do B, por Eliane Brum

"A imagem do corpo arrebentado à bala de Herinaldo, Christian, Jesus e Alan, porém, parece não ter força para impedir a continuidade do genocídio das crianças e jovens negros e pobres no Brasil. Seus corpos são esvaziados de humanidade e viram objetos, restos cotidianos que já não provocam espanto, para além dos mesmos de sempre. No máximo protestos das comunidades, recebidos a bombas de gás pela polícia e com demonstrações de irritação pelos motoristas, que não querem corpos de criança atrapalhando o tráfego.
Fico pensando: em que praia os pequenos corpos desses brasileiros precisam chegar para serem vistos? Nas praias da Zona Sul carioca já sei que não adianta".

ECA do B (Coluna de 28 de setembro de 2015, no El País Brasil).

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